Review - "A Saga do Monstro do Pântano por Alan Moore" Vol. 1

 

   

Review - "A Saga do Monstro do Pântano por Alan Moore" Vol. 1


O Monstro do Pântano de Alan Moore é considerada uma das melhores fases em um quadrinho mainstream da história. Moore cria uma versão mais contemplativa do personagem criado por Len Wein alguns anos antes. Na história de Len Wein e Bernie Wrigthtson, o Monstro do Pântano é criado quando Alec Holland, um biólogo é vítima de um incêndio criminoso em seu laboratório na Louisiana, e em chamas, corre para o pântano próximo e ali, virava o monstro, mas Moore mudou tudo isso.

O primeiro volume de "A saga do Monstro do Pântano de Alan Moore" foi publicado em foi publicado em 2014 pela Panini Comics Brasil e contém as edições 20 a 27 de "The Saga of the Swamp Thing" originalmente de 1984. Esse volume contempla dois arcos que irei falar separadamente aqui neste artigo.

Homem-Florônico (20-24)

Quando eu li este arco eu percebi como o Alan Moore é realmente um "puta" escritor. Eu já havia lido "Para o Homem que tem tudo" e "Watchmen" anteriormente e já havia visto a qualidade do autor, (principalmente com "Watchmen") mas com esse arco, meu respeito só cresceu por ele. O arco tem como vilão principal o Homem-Florônico, que era o botânico Jason Woodrue que devido aos seus experimentos se tornou um híbrido de planta e homem. Ele conhece Monstro do Pântano quando é contratado para fazer uma autópsia do mesmo por um grande empresário que tinha acabado de capturá-lo. Moore torna o vilão quase que um genocida quando ele quase dizima uma cidade por achar que as plantes deveriam se vingar por todos os males que a humanidade fizeram a elas, não que ele esteja muito errado. Nesse arco, por conte das pesquisas de Jason, Monstro do Pântano descobre que nunca foi Alec Holland, e entra em uma crise de identidade e em um dilema sobre o que é ser humano que é perfeitamente escrito por Alan Moore. Ele começa a pensar se realmente vale a pena viver como um humano, andando e falando por aí, ou se é mais vantajoso apenas deitar e criar raízes. 

A discussão principal desse arco é justamente "o que é ser humano?" pois de um lado você tem um personagem que perdeu sua identidade depois que descobriu que nunca foi um humano e do outro você tem um que já foi um humano e preferiu virar uma planta e agora busca destruir a humanidade.  Woodrue é derrotado com um choque de realidade feito por Monstro do Pântano, mostrando que se a humanidade não existir, não tem como as plantas também existirem, e ironicamente, Jason decide virar um humano e enlouquece com isso. O arco do Homem-Florônico é muito bem construído, com "tempo de tela" suficiente para todos os personagens e, apesar de não gostar muito do desenho de Stephen Bissete, até que ele segura a barra e a última página do arco com o Monstro do Pântano atingindo a plenitude e aceitando seu estado vegetal é linda. Nota 5/5.

 
por Stephen Bissete

Rei Macaco (25-27)

No segundo arco sob o comando de Alan Moore, Abby, coadjuvante e interesse romântico de Monstro do Pântano, consegue um emprego num lar para crianças autistas e lá conhece um menino chamado Paul que tem uma fixação em soletração e depois é descoberto que seus pais foram mortos depois que invocaram um espírito acidentalmente em um tabuleiro Ouija. O arco conta com a participação do demônio Etrigan que veio a Louisiana justamente para capturar esse espírito que Paul chama de Rei Macaco. 

Eu sinto que nesse arco o assunto tratado é a imprevisibilidade e brutalidade da morte pois temos vários exemplos de pessoas sendo mortas de maneira brutal durante a trama toda, os pais de Paul, um cara empalado por um por peixe-espada, o marido de Abby que sofre um acidente de carro enquanto dirigia bêbado, todas essas mortes foram completamente inesperadas e o leitor fica em choque ao lê-las. Também pode interpretar a relação de Paul e o Rei Macaco como um tipo de metáfora para um trauma que crianças podem sofrer, afinal, após o espírito ter assassinado brutalmente os pais da criança, ele quer cuidar dela e também ser cuidado por ela. e o Rei Macaco só é vencido depois que Paul diz que não tem mais medo dele, deixando menor, menor, até que o trauma é superado. Esse arco é importante para o desenvolvimento de Abby pois aqui ela fica mais próxima de Monstro do Pântano e tem seus maiores contatos com o mundo sobrenatural, além de Etrigan soltar um enigma rimado sobre o futuro dela. Nota: 4,5/5

O primeiro volume dessa obra-prima é ótimo e só melhora no próximo. Nota final: 4,75/5.

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Por Theo Pacheco.

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