Grant Morrison, o Superdeus

Após a morte de Peter David no fim do mês passado eu me toquei que muitas vezes nós só homenageamos e damos valor aos artistas que gostamos depois que eles partem, depois que eles nunca mais vão produzir algo do qual amamos e gostamos e isso é algo triste pois nós devemos apreciar as pessoas em vida, enquanto ainda estão aqui conosco. E pensando nisso, eu decidi criar essa série de artigos que batizei de Artista do mês. Uma vez por mês, eu vou publicar um artigo de um artista (na maioria das vezes vivo) contando uma biografia desde que ele entrou nos quadrinhos até seu trabalho mais recente e o artigo seguinte será sobre alguma obra dele. Para iniciar nossa série, não poderia ser outro senão o meu escritor favorito de quadrinhos Grant Morrison, o Superdeus.

Grant Morrison nasce em Glasgow na Escócia no dia 31 de janeiro de 1960. Seu primeiro trabalho com quadrinhos foi em 78 quando escreveu algumas tiras pra revista britânica Near Myths, após isso elu foi estimulado a escrever mais coisas e conseguiu até uma certa fama o que fez com que entrasse na revista que todo escritor britânico entrou alguma vez: a 2000 A. D., uma antologia de ficção científica onde grandes nomes já tiveram suas histórias publicadas. Morrison escreveu o personagem Zenith que atraiu a atenção da, olhe só, DC Comics para escrever algum título na América.

Em 1988, houve um grande evento para o mundo das histórias em quadrinhos, a chamada Invasão Britânica, quando 4 autores vindos do Reino Unido embarcaram na América para escrever seus títulos próprios para a DC. E Morrison estava entre eles. Grant sugeriu diversos títulos para poder escrever, incluindo até a Orquídea Negra que não pôde pois Neil Gaiman já havia escolhido, então ele ficou com o Homem-Animal, um herói da era de prata que tinha os poderes de copiar todas as habilidades dos animais. Assim, em setembro de 1988, com capa do também britânico Brian Bolland e desenhos de Chas Truog, Animal Man #1 é publicado. Animal Man contava sobre o herói voltando á ativa agora que já construiu uma família e inclusive tem dois filhos. Homem-Animal simplesmente catapultou Grant Morrison para o estrelato e no ano seguinte lançou a graphic novel Arkham Asylum: A serious house on serious earth uma história do Batman ilustrada belamente por Dave McKean sobre um motim no Arkham onde Batman precisa enfrentar vilões e o passado do sanatório. No mesmo ano, ele assumiu a revista Doom Patrol á partir do número 19.

Capa de Animal Man #1. Por Brian Bolland

Nos anos 90, Morrison fez alguns trabalhos dignos de nota como as edições 16 a 18 de Spawn, a revista independente de Todd McFarlane na Image Comics, e em 1997 ele recebeu a honra de reformular a Liga Da Justiça na nova revista JLA tendo arcos memoráveis como Nova Ordem Mundial, A Pedra da Eternidade e DC Um Milhão, um megaevento que cobriu a editora inteira. O seu primeiro trabalho com seu grande parceiro Frank Quitely foi Sebastian O além de também ter feito Flex Mentallo  com o mesmo em 1996, uma minissérie spin-off de sua fase na Patrulha do Destino.

Dois anos antes, em 94, Morrison lança aquela que seria a sua série mais louca e que elu mesmo fala que é quase como uma autobiografia: Os Invisíveis, uma série da Vertigo sobre pessoas desajustadas, assim como ele mesmo foi. Na virada do milênio, Grant saí pela primeira e única vez da DC e vai para a Marvel. Sob o comando de Joe Quesada, Morrison assume a revista X-Men onde elu chacoalha todo o mundo dos mutantes de uma vez só causando um mega genocídio na nação mutante de Genosha subtraindo da população mundial 16 milhões de mutantes.

O último grande trabalho de Morrison foi sem dúvida sua fase longeva na mensal do Batman onde elu ficou de 2005 até o reboot dos Novos 52 em 2011. Na revista do Homem-Morcego, Morrison fez adições muito importante à cronologia do personagem como a volta de Damian Wayne Al' Ghul para se tornar o quinto Robin e ao final de sua fase, elu escreve a minissérie Crise Final onde o Batman morre o que desencadeia no seu último arco Descanse em Paz. Em 2005 também ele começou a escrever a maxisserie All-Star Superman uma história sobre a lenta morte do Homem de Aço após um envenenamento de energia solar. Essa hq tem um fato engraçado pois ela não lançou mensalmente, ela teve lançamentos muito irregulares entre 2005 e 2008 chegando até a 6 meses de uma edição para outra, pretendo fazer uma review dela antes de lançar o novo filme do Superman, já foi confirmado por James Gunn que ela é uma das inspirações.

Capa de Batman #676. Por Alex Ross

Como dito anteriormente, o parceiro de trabalho mais querido de Morrison com certeza é Frank Quitely, as obras incluídas na parceria dos dois estão Flex Mentallo e WE3: Instinto de Sobrevivência da Vertigo; Os Novos X-Men: E de Extinção e Revolução no Instituto Xavier da Marvel; e LJA: Terra Dois, Grandes Astros Superman, Batman & Robin e uma edição da minissérie Multiversidade, todas da DC.

Algumas pessoas não tão conhecedoras de quadrinhos devem ter estranhado a alcunha de "Superdeus" que eu dei a Morrison, esse apelido se dá a autobiografia/livro teórico que elu escreveu em 2011 chamada "Superdeuses: Mutantes, Alienígenas, Vigilantes, Justiceiros Mascardos e o significado de ser Humano na era dos Super-Heróis" (eita, nomezinho grande) onde elu fala um pouco sobre sua história junto com as histórias dos quadrinhos. Em uma entrevista em 2020, Morrison assumiu que era não-binário desde os 10 anos, mas na época não havia nomenclatura pra isso. O próximo trabalho desse grande autor já foi anunciado para esse ano ainda, e será simplesmente a volta dos crossovers DC/Marvel, Morrison escreverá a edição da DC de Batman/Deadpool que lançara em setembro com desenhos de Dan Mora.

Grant Morrison foi muito importante para mim pois elu foi um dos primeiros autores que eu peguei pra ler tudo quando eu comecei de verdade nesse mundo do quadrinhos, quando começou o blog e tals, dois dos primeiros quadrinhos que eu comprei depois disso foram "A Saga da Liga da Justiça vols. 7 e 8" que continham a saga DC Um Milhão escrita pelo careca. Além disso, a primeira fase que eu li inteirinha foi justamente o Homem-Animal delu, pelos volumes publicados pela editora do meu vô, a Brainstore, então eu tenho uma conexão muito grande com os quadrinhos do Morrison e acho que talvez ele continue sendo meu roteirista favorito por muito tempo, até hoje não achei um melhor (apesar de não gostar muito do X-Men dele).

Ness quinta, saíra a review de uma obra do Morrison então fique atento!

Gostou da ideia dessa nova série de artigos? Deixe um comentário expressando sua opinião ou falando sua relação com o autor! Até a próxima!

Por Theo Pacheco

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