Review - "Superman: Entre a Foice e o Martelo"

 


"Superman: Entre a Foice e o Martelo" foi uma história elseworld de 2003 escrita por Mark Millar ("Os Supremos", "Kick-Ass") e desenhada por Dave Johnson (Capas de 100 Balas). Entre a Foice e o Martelo foi publicado originalmente na minissérie de três edições Superman: Red Son e aqui no Brasil foi publicado como minissérie pela Panini e mais recentemente pela coleção DC de Bolso em maio.

Essa é a famigerada história do Superman Comunista (ou Supercomuna, para o íntimos) onde ao invés de cair no coração dos Estados Unidos da América em Smalville, Kansas, ele cai em uma plantação de humildes proletários na extinta União Soviética no auge da Guerra Fria. Lá, Kal-(E)L foi ensinado sobre as condutas comunistas e quando adulto se tornou Superman, defensor dos proletários e o nosso camarada de aço.

O Millar com certeza (NA MINHA OPINIÃO) é o Quentin Tarantino dos quadrinhos, pois ele equilibra obras com violência extrema e diálogos realistas e divertidos além das propostas interessantes de suas obras. É algo muito intrigante pensar como seria se o símbolo da América caísse no país comunista e quais mudanças isso teria na índole do personagem.

[ATENÇÃO! Á PARTIR DESTE PARÁGRAFO, CONTÉM SPOILERS]

Quando estava lendo a primeira edição, primeiro pensei que a história era sobre como o Super-Homem sempre vai ter a mesma personalidade e senso moral independente de onde caísse na Terra, tanto que ele salvou o povo de Metropolis mesmo estando do lado vermelho do planeta, aí tudo muda na segunda edição quando mostra que após a morte de Stalin, o Camarada de Aço se tornou um ditador na União Soviética, aí eu fiquei assim "Ué? Será que é uma crítica anticomunista então? Parecido com Revolução dos Bichos?" então eu li a terceira edição onde as coisas meio que se mesclaram, vou explicar melhor depois.

Ocorreram algumas mudanças com personagens causadas pelo fato de Kal-El não ter caído na América, uma delas foi ter-se criado um Batman na União Soviética que teve seus pais assassinados pelo governo então assim se tornou um anarquista que confronta Super-Homem em um certo momento. Uma mudança que não faz sentido é Jimmy Olsen ter se tornado um agente do governo e não um fotógrafo do Planeta, pois a escolha de profissão dele não foi causada pelo Super-Homem, afinal eles só se conheceram depois que Jimmy já era assistente no jornal, então não faz sentido ele só ter mudado de profissão, óbvio que isso não faz a menor diferença no quadrinho, talvez essa foi só uma escolha do Millar para dar mais destaque (mesmo que tenha sido pouco) para um personagem que ficaria apagado na história. Outro cameo legal que tem na história é o do Lanterna Verde, nesse universo, Abin Sur caiu na Terra como no convencional, porém ele foi encontrado por Lex Luthor que pegou seu anel e fez réplicas para criar um esquadrão de fuzileiros Lanternas Verdes, comandados pelo Coronel Hal Jordan.

Batman Anarquista por Dave Johnson.

Devo destacar o Lex Luthor dessa história, pois dessa vez ele não odeia o Super-Homem por inveja, egocentrismo ou vaidade, ele o odeia pois é um soldado comunista, e Lex é só um "agente" do governo americano que cria projetos para derrotar a mais poderosa arma soviética. Isso no começo, depois vira como se fosse um jogo, onde Lex não aceita perder repetidas vezes e precisa ganhar para o bem de sua auto estima.

A arte do Dave Johnson tá muito boa nesse gibi, já gostava dele pelas capas de 100 Balas que eu acho lindíssimas (review em breve) mas a narrativa e a estilização dele são muito boas, ele chega até a me lembrar um pouco o Cory Walker no início de Invencível. Ele tem esse traço mais quadrado e com rostos bem característicos que se aplicam bem ao quadrinho e considerando que é uma história Elseworld (fora da cronologia, geralmente em um universo paralelo) esse estilo de desenho não convencional se aplica muito bem.

O final é de explodir cabeças mas eu fico meio em dúvida sobre o que exatamente o Mark Millar queria dizer com esse quadrinho, como eu disse antes, se olhar de um jeito parece que é uma crítica falando "Viram, amigos? O comunismo é maléfico e corrompe mas no final o bem americano venceu!" mas se olhar de outro parece que o Millar queria falar da índole do Super-Homem e que o certo independe de onde você está, eu penso isso pois no final o Super-Homem se sacrifica para salvar a Terra e Lex Luthor acaba virando um grande herói, então meio que os dois lados estão certos? Fiquei confuso.

Com uma arte espetacular e um roteiro inteligente, Superman: Entre a Foice e o Martelo surpreende e de uma forma ou de outra é um grande quadrinho do Super-Homem e um grande Elseworld da DC. Nota: 9/10.

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Por Theo Pacheco.


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